Com aumento da
expectativa de vida e avanço da medicina, sexo entre idosos é cada vez mais
natural, mas ainda enfrenta tabus
Sexo na terceira idade é
uma realidade ainda cheia de tabu.
Namorar é para sempre.
Essa máxima é a regra de ouro da 'nova velha guarda' de brasileiros que não têm
vergonha de afirmar que sexo na terceira idade é tão natural
quanto na juventude. Com maior expectativa de vida, os idosos estão
cada vez mais cientes disso.
Incentivados ou não por
ajudas medicinais, como no caso do viagra para os homens e reposição hormonal
para as mulheres, o certo é que nunca é tarde para amar entre lençóis. Mesmo
assim, por que a sociedade insiste em ainda associar velhice à falta de libido? Segundo especialistas, o
tabu em relação ao sexo na terceira idade está ligado aos estereótipos e a
ideia de que esta etapa da vida é sinônimo de reclusão e cuidado com os netos.
Sexo na terceira idade: estereótipos
A velhice passou por um
grande processo de transformação nas últimas décadas, tanto que a designação do
termo ‘terceira idade’ é recente. Atualmente pessoas acima de 65
anos contam com benefícios que as tecnologias biomédicas promoveram
para o cuidado em saúde.
Consequentemente, o sexo
na terceira idade só depende do desejo.
“Como resultado, temos o
aumento da expectativa de vida. E recursos como o Viagra para a manutenção da
vida sexual” explica Camila Aloísio Alves, psicóloga e professora da Faculdade
de Medicina de Petrópolis.
Camila ressalta,
contudo, que o modo de conceber essa etapa da vida ainda é permeado por
preconceito e por uma visão estereotipada. O sexo na terceira idade
seria um destes clichês. “É como se os idosos não tivessem direito a
redescobrir o prazer afetivo-sexual e outras atividades
prazerosas como viajar, fazer novos cursos etc" , provoca Camila Aloisio
Alves.
Tabu e DST do sexo na terceira idade
Segundo a especialista,
este conceito fica ainda mais forte em países que historicamente não valorizam
o conhecimento e a sabedoria dos idosos: Caso do Brasil, um país até bem pouco
tempo formado por maioria jovem.
Para Camila Aloísio
Alves, o tabu do sexo na terceira idade está ligado a essa
concepção secular da velhice como etapa em que se aguarda o fim da vida e se
prepara para a morte. Assim, o sexo seria o último elemento a ser considerado
para esse grupo de pessoas.
“Além dessa concepção
estereotipada ser preconceituosa, ela conduz a uma série de problemas
relacionados à sexualidade, como o aumento das DSTs (doenças sexualmente
transmissíveis) nessa idade, por exemplo”, afirma a psicóloga.
Muitos profissionais de
saúde ainda têm dificuldade de abordar o tema sexo com os
idosos. Os mais velhos, por sua vez, não viveram na época em que a camisinha era necessária. Assim, o
tabu e o desconhecimento promovem uma vulnerabilidade no que tange à gestão da
vida sexual na terceira idade.
"A velhice já mudou
de cara, ela é atravessada por inúmeras possibilidades de viver a vida. Porém,
o paradigma que a explica e a concebe ainda não está plenamente atualizado face
às novas práticas comportamentais e afetivas", completa a psicóloga.
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